Reflexões de um conto africano...

Reflexões de um conto africano...


Sou amante das artes: seja a música, teatro, cinema, leitura, pintura, escultura; não importa! Amo o mundo artístico e a forma que consegue emocionar e comover... Tive o prazer de sentir de perto este carrossel de emoções com o mais novo espetáculo em cartaz do Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro: a peça Os Cadernos de Kindzu.

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Trata-se de uma recriação de histórias contadas no livro Terra Sonâmbula, do escritor moçambicano Mia Couto, que narra os horrores da guerra civil em Moçambique: a primeira parte relata o encontro de uma criança (Muidinga) e um velho (Tahir), que fogem de suas aldeias por conta dos horrores da guerra; a segunda se dá quando esses dois personagens acham uma mala e nela encontram o diário do jovem Kindzu e a terceira narra a viagem de iniciação do mesmo rapaz, que, assim como os dois, também foge da guerra.


A partir destes três elementos, o grupo Amok de teatro, mergulhou fundo na pesquisa do universo do escritor e reinventou as histórias, transformando-as em uma só, gerando assim, a belíssima peça, que está em cartaz na Cidade Maravilhosa até o dia 18 de dezembro e narra a trajetória de Kindzu, que sai de sua aldeia, fugindo dos horrores da guerra, com o intuito de se tornar um tipo de guerreiro / sacerdote para conseguir algum meio de cessá-la. Em sua viagem, pessoas vão surgindo em seu caminho, fazendo com que sua percepção e desejo sobre a vida se transforme,, trazendo-lhe uma nova ótica do seu próprio caminhar. 


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A recriação foi extremamente bem sucedida e, além de mostrar os horrores e atrocidades da guerra referido país, entrega uma belíssima história de amor, numa clara demonstração de que apesar de toda a devastação causada pelo homem e por seus interesses pessoais, fazendo-se pensar que tudo está perdido, pode-se encontrar beleza e esperança em meio ao caos.



A peça, que tem um pouco mais de duas horas de duração, mas, ao invés de cansar, prende totalmente o espectador e a atuação de todos os atores em cena é sublime, conduzindo o público a uma viagem poética e trágica, triste, emocionante e inesquecível, sendo praticamente impossível não se deixar comover com a devastação causada pela guerra, pelas tristes histórias dos personagens que atravessam o caminho de Gindzu e por sua saga em meio ao caos, na busca do conhecimento de si mesmo, culminando no encontro com o amor e pela esperança de dias melhores.


Ouso em dizer que, para além de adentrarmos no universo moçambicano e nas dores causadas pela guerra civil no país, acompanhamos a saga de um personagem que representa nossos irmãos de todo o continente africano, tão sofridos e esquecidos pelo restante do mundo. Um povo que por séculos foi tão explorado e injustiçado, mas, apesar das tragédias, não permite se entregar para a descrença e desilusão... São homens, mulheres e crianças que continuam caminhando, acreditando em novos tempos e na justiça social.
  
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Os cadernos de Gindzu não tem só por missão trazer conhecimento aos espectadores as mazelas de Moçambique (e talvez, de toda a África); a peça vai muito mais adiante: junto com toda a dor e o caos das guerras civis e injustiça, traz consigo a centelha da esperança e da beleza de nobres sentimentos que não se deixam morrer, mesmo diante de tantas adversidades. É um espetáculo imperdível, que merece ser visto por todos.

Para maiores informações sobre dias e horários, é só acessar o site do CCBB-RJ (http://culturabancodobrasil.com.br/portal/os-cadernos-de-kindzu/). Corre para assistir, pois, o espetáculo fica em cartaz até 18 de dezembro!

Jansen Sarmento
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