Pelourinho
Salvador é uma das cidades mais antigas do Brasil, como também das Américas. Seu Centro Histórico está na região do Pelourinho e tem forte influência portuguesa. É também a cidade com a maior influência africana no país: mais de 80% de sua população é composta por afro-descendentes e, por isso, é considerada a cidade mais negra do mundo, fora do continente africano. É impossível manter-se indiferente a ela; sendo uma metrópole da qual se ama ou odeia, além de ser muito injustiçada e até mesmo discriminada, por conta dos mitos e concepções errôneas em decorrência de suas raízes africanas, do sincretismo religioso e por ser o berço do candomblé no Brasil.
Dique do Tororó - Esculturas de Orixás do Candomblé
Impressões equivocadas a parte, a verdade é que temos nela uma das metrópoles mais originais e culturais do país. Suas belezas naturais são um capítulo a mais nos seus encantos e o mar soteropolitano é uma das estrelas da cidade. Na minha concepção o pedaço mais bonito de sua orla está no trecho entre a Praia do Porto da Barra e Ondina, por ser recortado por pedras, formando piscinas naturais, deixando a tonalidade da água mais transparente e, consequentemente, mais bela.
Dique do Tororó - Esculturas de Orixás do Candomblé
Impressões equivocadas a parte, a verdade é que temos nela uma das metrópoles mais originais e culturais do país. Suas belezas naturais são um capítulo a mais nos seus encantos e o mar soteropolitano é uma das estrelas da cidade. Na minha concepção o pedaço mais bonito de sua orla está no trecho entre a Praia do Porto da Barra e Ondina, por ser recortado por pedras, formando piscinas naturais, deixando a tonalidade da água mais transparente e, consequentemente, mais bela.
Farol da Barra
Conheci a Roma Negra brasileira no período de pré carnaval, que compreende os meses de janeiro e fevereiro (posteriormente, todas as minhas idas para lá nesses dois meses seria uma praxe), época em que os ensaios dos blocos e artistas mais famosos da cidade esquentam os tamborins para o apogeu da maior e mais aguardada atração da cidade: o carnaval de Salvador (já tive o prazer de saborear esse grande espetáculo, que por sinal é maravilhoso e com certeza terá um artigo exclusivo sobre ele)... Considero esse período que antecede a grande festa como a a melhor época para se conhecer a capital baiana, pois, todos os ensaios estão a pleno vapor, as demais atrações culturais da cidade estão todas abertas, os preços são acessíveis e a cidade fica cheia, mas, não abarrotada, respirando apenas carnaval. É uma excelente oportunidade de se ter um gostinho do que é a festa profana, com suas prévias, mas, sem vivenciar todos os perrengues da superlotação carnavalesca.
Reveillon no Farol da Barra
Sou suspeito para falar, mas, a Cidade da Bahia é um espetáculo e tem muita coisa pra se ver e conhecer. O período de permanência nela é muito relativo, visto que as atrações históricas e culturais são incontáveis. Mas, como não dá pra fugir do tempo e desta pergunta, fica a dica: para quem quer ir no pré-carnaval, para sentir um gostinho da festa, o ideal seria, no mínimo uns 10 dias, pois, são muitos blocos e shows a serem conhecidos. Para quem não liga para o espetáculo e quer se ater somente em suas praias, história, arquitetura, etc, 5 ou 6 dias são suficientes para percorrer e adentrar nos maiores pontos culturais e turísticos da cidade... Procure conciliar sua estadia com uma das duas grandes festas da cidade (mais a frente falarei delas): a Lavagem do Bonfim, que ocorre sempre na 3a quinta-feira do mês de janeiro ou com a Festa de Iemanjá, que acontece no dia 02 de fevereiro. Para quem tem mais tempo, vale a pena tirar mais dias para conhecer Itaparica, Praia do Forte e Morro de São Paulo (também haverá artigos sobre esses três locais mais a diante).
Festa de Iemanjá - Rio Vermelho
Conforme mencionei, anteriormente, na primeira parte, o melhor bairro para hospedagem, na minha opinião, é o do Porto da Barra (o bairro vizinho da Barra tb é ótimo). Gosto demais do Porto desde antes da revitalização de sua orla, quando ele tinha uma aura decadente e uma sensação de perigo e abandono. Hoje em dia, com a atual modernização da orla do Farol da Barra, ele ganhou um status mais sofisticado e consequentemente, mais segurança e aumento nos seus preços. Ambos os bairros são centrais, com condução farta e muito práticos no deslocamento para outros pontos da cidade. Para quem tem receio de andar de coletivo e prefere táxi ou uber, consegue-se economizar bastante estando hospedado em um dos dois bairros...
Porto da Barra
Pelourinho, Campo Grande (Corredor da Vitória) e Rio Vermelho também são boas opções: o primeiro é interessante por se tratar de uma região histórica, mas, de uma certa forma, deixa o turista meio que distante de outros pontos interessantes da cidade, além da distância das praias, sem contar que para os mais festeiros e amantes da magrugada, a farra fica com gosto de quero mais, uma vez que todas as atrações do bairro histórico terminam por volta de 1h. O segundo, assim como a Barra e o Porto também é central, com condução farta e próximo do Pelourinho, mas, perde por ter pouca infraestrutura ao turista em suas imediações e por não ter a praia a poucos passos, contudo, é bastante charmoso e fica do lado do Corredor da Vitória, na Cidade Alta, região dos mais ricos e abastados da cidade. Já o terceiro, é o bairro mais boêmio e noturno da metrópole, porém, fica um pouco distante do Pelourinho e do Porto da Barra, por exemplo... A Pituba é outro bairro interessante: é mais distante que o Rio Vermelho, mas, possui uma boa estrutura para estadia e hospedagem, sendo indicado para aqueles que possuem um pouco mais de grana e preferem ter sua permanência um pouco mais longe do agito soteropolitano. Vale ressaltar que o trânsito de Salvador é terrível, com constantes engarrafamentos, então, quando for planejar sua estadia na cidade, leve isso em consideração.
Pelourinho
Salvador tem 50 km de praias, mas, vou me fixar nas mais conhecidas e próprias para o banho de Mar... Nas proximidades do principal eixo turístico temos a do Porto da Barra, que é a principal praia da cidade; é também a mais democrática e liberal. Mais adiante, temos a Praia do Farol da Barra e Ondina, também muito procuradas, por conta de suas formações rochosas e piscinas naturais, boas para a criançada brincar numa boa, sem grandes perigos. Temos tambem as Praias do Jardim de Aláh, Piatã, que também são bastante procuradas, mas, com um fluxo maior de locais e bem mais distantes, as praias de Itapuã (o trecho após o farol), Stella Maris e Flamengo, que perdem a característica urbana e assumem a cara das praias nordestinas: imensos coqueirais, areia a perder de vista e mar azul. As Praias do Rio Vermelho e Pituba não são próprias para banho, mas, vale a pena caminhar por sua orla. Ambas foram modernizadas há pouco tempo e vale a pena conhecer o novo Mercado do Peixe na primeira e o Jardim dos Namorados na segunda.
Praia de Itapuã
Salvador tem uma culinária rica e, na minha concepção, maravilhosa. Come-se muito bem a preços bem em conta. Acarajé, vatapá, abará, caruru, moquecas de peixe e camarão (entre outras), xinxim de galinha, feijão de leite, pititinga, são algumas das especiarias soteropolitanas. O azeite de dendê é a grande estrela da gastronomia baiana e seu cheiro peculiar e inconfundível invade as ruas, praças e parques, sendo impossível não senti-lo ao se perambular pelas muitas barraquinhas de quitutes espalhadas na cidade. Para o viajante mais glutão e louco para provar de uma vez só as delícias baianas, fica a dica do Restaurante Escola do Senac, no Pelourinho, que além de delicioso e com um preço módico, tem em seu bufett praticamente todas as iguarias da Bahia. A melhor moqueca da cidade está no Restaurante Ki-moqueca, espalhado em vários pontos da Av. Otávio Mangabeira.
Alguns pratos típicos baianos
O movimento cultural de Salvador dispensa comentários; é de uma riqueza tão grande, que tem o poder de nos deixar tontos... Muitos mal informados ou desavisados acreditam que a cidade vive apenas do axé music, das fitinhas do senhor do Bonfim e do carnaval... Ledo engano e muita falta de estudo... Nomes como Gregório de Matos, Castro Alves, Jorge Amado, João Ubaldo Ribeiro, Dorival Caymmi, Caetano Veloso, Maria Bethânia, Gilberto Gil, só para citar alguns, elevaram o status literário e musical da cidade. Tem o candomblé que, como religião, dispensa comentários e para além dessas questões tem uma mitologia riquíssima, bela e repleta de poesia; tão interessante como as mitologias grega ou romana. O gingado e leveza das danças afro. O molejo da capoeira, misturando música, luta e dança em suas apresentações. Missas e cultos evangélicos afro. A multiplicidade das cores, as rendas, adereços, esculturas, enfim, todo o esplendor do seu artesanato singular... Como não se entregar a esse viagem mística e mágica que a cidade nos proporciona e exala em seus poros!?

Bloco do Cortejo Afro - Carnaval de Salvador
(Continua).
Jansen Sarmento
Mercado Modelo: a Meca do Artesanato soteropolitano
"São Salvador, Bahia de São Salvador
A terra de Nosso Senhor
Pedaço de terra que é meu
São Salvador, Bahia de São Salvador
A terra do branco mulato
A terra do preto doutor
São Salvador, Bahia de São Salvador
A terra do Nosso Senhor
Do Nosso Senhor do Bonfim
Oh Bahia, Bahia cidade de São Salvador
Bahia oh, Bahia, Bahia cidade de São Salvador"
(São Salvador - Dorival Caymmi)
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