Precisamos falar sobre o preconceito e suas vertentes...

Mais um artista foi atacado virtualmente, de forma racista: a cantora Preta Gil foi a vítima mais recente deste ataque, recebendo mensagens preconceituosas e ofensas, pela internet. A mesma registrou uma ocorrência na Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI) e o órgão já identificou mais de cem perfis no Facebook que podem ter ligação com o crime.

Diante de mais uma notícia do tipo, é impossível ficar calado e não me posicionar sobre o tema:

                                                      Foto: André Lobo / RioTur



Diferentemente de países que possuem uma forma de racismo mais explícita, como por exemplo, os Estados Unidos, onde percebemos uma luta mais objetiva, clara e até mesmo mais eficaz. Tal postura escancarada de segregação racial acaba por dar aos atingidos meios mais concretos de se protegerem e lutar por direitos mais igualitários. Aqui no Brasil, temos numa grande parcela de nossa população uma forma de preconceito mais velado, sendo mascarado por meio de “brincadeiras” de mau gosto e piadas sem graça, usando-se, assim, um discurso que no povo miscigenado brasileiro não cabe racismo.

Diante de tal máscara, situações sérias de violência psicológica são vistas por muita gente como algo corriqueiro e comum, tendo-se, inclusive, a defesa de muitos, com a alegação de humor negro ou algo do gênero, usando como justificativa que um ou outro ato racista não merece tamanho “ibope” ou atenção. Erra quem pensa desta forma, pois, levando casos sérios para o lado da brincadeira ou da falta de senso de gente sem noção, negros, nordestinos, índios, entre outras minorias vão sendo segregadas, marcadas e prejudicadas no nosso dia a dia, em diversos âmbitos da nossa sociedade (social, profissional, educacional, etc.).

Acredito que esse movimento de celebridades se movimentando para que tais ataques não fiquem impunes seja de suma importância no combate ao racismo e preconceito. No nosso país, por mais que tenhamos uma grande mistura de raças, ele é velado e mascarado por meio de brincadeiras e “escárnios ingênuos”, vistos por muitos como situação corriqueira e comum. Tais movimentações abrem espaço para ampliar a discussão e aumentar o engajamento contra a discriminação racial no país.

Fico feliz ao ver pessoas públicas quebrando o silêncio e botando a “boca no trombone”, deixando claro que não aceitam mais sofrer ataques ou humilhações e não estão mais dispostos a sofrerem calados, com um sorriso amarelo no rosto, levando na esportiva várias situações claras de humilhação e menosprezo cometidas por pessoas racistas e preconceituosas. É muito bom vê-los sendo motivo de inspiração para novas denúncias e pelo grito das pessoas comuns por respeito e por leis que realmente os representem.

Aquele que sofre discriminação racial (ou de qualquer outro tipo) precisa fazer sua parte e não silenciar! É preciso entender que o silêncio fortalece a continuidade da falsa ideia de que o Brasil é um país livre de racismos e preconceitos por ser uma nação muito miscigenada. É necessário falar mais sobre o tema! O preconceito está por toda parte, fazendo parte do nosso imaginário, não sendo apenas uma situação de pré-julgamento; ele vai além: é uma projeção de aspectos violentos e odiosos desenvolvidos pelo indivíduo, em sua construção subjetiva. É necessário entender tais processos e abordá-los abertamente.



Creio que o combate ao preconceito e suas diversas vertentes se dá, não só com a devida punição daqueles que comentem tais crimes, mas, principalmente pelo caminho da educação e do diálogo. Temos que discutir tais questões! Devemos falar não só sobre o racismo explícito, como também sobre suas formas veladas. Este é um tema importante, que precisa ser tratado em casa, na escola, nos meios de comunicação, entre tantos outros. Somos todos, sem exceção, sujeitos preconceituosos em potencial, o que nos difere é, justamente, a forma que aprendemos a lidar com nossos aspectos violentos e odiosos. Portanto, só conseguiremos lidar melhor com a questão, trazendo-a à tona, se falarmos claramente sobre o tema, sem medos ou meio termos.


Jansen Sarmento 
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9 comentários

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Unknown
Administrador
28 de julho de 2016 às 08:41 ×

Adorei, vamos acabar com esse preconceito.

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Unknown
Administrador
28 de julho de 2016 às 09:58 ×

Jansen, você como sempre arrasando. Muito bom o texto, parabéns!!!!!!

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Unknown
Administrador
28 de julho de 2016 às 09:59 ×

Jansen, você como sempre arrasando. Muito bom o texto, parabéns!!!!!!

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Unknown
Administrador
28 de julho de 2016 às 09:59 ×

Jansen, você como sempre arrasando. Muito bom o texto, parabéns!!!!!!

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Unknown
Administrador
28 de julho de 2016 às 13:02 ×

Concordo em gênero, número e grau.
Não podemos classificar como "brincadeira" o ato de humilhar uma pessoa por sua cor, local de origem, condição sexual...
Somos perfeitos em nossas diferenças. É isso que ensino aos meus filhos.
Com certeza o tema preciso ser mais debatido. Não podemos continuar fingindo que racismo não existe no Brasil.
Sou uma mulher branca, namoro um homem negro e tenho muito orgulho em desfilar de mãos dadas com ele.
Ótimo texto, Jansen!

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29 de julho de 2016 às 18:46 ×

Sim, sim! Não podemos silenciar!

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29 de julho de 2016 às 18:47 ×

Muito obrigado, minha querida! O intuito é de postar coisas legais e de qualidade!

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29 de julho de 2016 às 18:48 ×

Muito obrigado, minha querida! Um brinde à diversidade!

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