Que tal não confundir dependência emocional com amor em excesso?

Que tal não confundir dependência emocional com amor em excesso?



Muitos olham para a dependência emocional como um apego excessivo, como medo da solidão ou como uma incapacidade de viver sem o outro. Há inclusive quem a veja de uma forma romantizada, se comovendo com o jeito intenso de amar dos que se mostram dependentes dos seus pares...


Contudo, para a Psicanálise, a questão é mais complexa do que tais percepções... Desde Freud, observa-se que o Eu se constitui na relação com o outro e, é a partir deste relacionamento, iniciado com sua figura materna e paterna, que o sujeito se reconhece e compõe a sua singularidade, resultando numa fissura estrutural, onde a necessidade de se relacionar se torna algo imperioso e prioritário.

E isso nos revela que, enquanto sujeitos, não conseguimos sustentar nossa própria falta e buscamos num outro a idealização de que esse se relacionar poderá nos trazer alguma garantia de completude...



Podemos dizer que essa fissura é algo inerente a raça humana e até mesmo uma força motriz que nos impulsionaria numa constante busca de sentido e de novos relacionamentos, sejam eles amorosos ou sociais.

Até aí nada demais e o que se torna um problema é quando esse desejo, que se apoia no desejo do outro; se transforma em prisão, passa-se a viver não por si, mas, se vive como extensão da vontade alheia e a dependência emocional, nesse sentido, deixa de ser uma pequena fissura estrutural se tornando assim, um sintoma, que denuncia algo do Eu que está aprisionado a ilusão de não temos importância sozinhos e somente o outro é que pode nos dá-la.

Faço minhas as palavras de Bianca Barki ao dizer que dependência emocional quando extrapola os seus limites não é amor em excesso, é falta de si; não é entrega, é medo de ficar só com o próprio vazio; não é intensidade, é fuga da falta; não é vínculo, é sintoma fantasiado de afeto.

E se você percebe que vive assim, talvez esteja na hora pensar sobre isso e fazer algo a respeito... Amor próprio é fundamental.

Obs: foto tirada em junho de 2022, no Museu Nacional de Belas Artes de Buenos Aires, da escultura a Terra e a Lua, de Auguste Rodin.

Psicólogo Jansen Sarmento
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