Um novo inconsciente coletivo se instaurando no país?


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Não tenho o menor interesse em levantar questões políticas ou problematizar assuntos que envolvam nossos "digníssimos" políticos. Tenho minha opinião formada e, para evitar brigas e desavenças sobre tais questões, optei por me eximir de tais conflitos, em decorrência do extremismo exacerbado instaurado nas redes sociais e no mundo virtual.

Apesar do meu posicionamento abstêmio sobre o assunto, não me contive e senti a necessidade de refletir sobre o caso. Na data de 12/09/2016, um dos m grandes símbolos da cara de pau, cinismo e corrupção brasileira finalmente foi cassado!

Foram longos onze meses de espera e manobras, mas, felizmente, a câmara de deputados optou por não atender seus próprios interesses e preferiu se ater às provas já existentes e, principalmente ao clamor público que exigia a saída do então deputado pela porta de trás. Cunha se viu sozinho e da sua extensa base aliada, somente dez se mantiveram fiéis e assumiram seu apoio a ele.

Sabemos que a proximidade das eleições contribuiu muito para a decisão justa e correta da parte de nossos parlamentares, mas, para além do período de votação, acredito que começa a cair a ficha dos políticos sobre o poder que o povo tem em suas mãos. Se inicia um processo lento, porém contínuo de ajustes no país.

Como diz um ditado popular, a corrupção chegou em nosso país juntamente com as caravelas. Ela nasceu com o descobrimento e se mantém firmemente impregnada em nosso inconsciente coletivo. Reclamamos, exigimos justiça, gritamos contra golpes, mas, se pararmos para analisar de forma nua e crua, a veremos atuante não só na esfera política, como também no nosso cotidiano:

Seja com a geração esquerdista ou direitista, que justifica os meios ilícitos adotados em nome de uma ideologia, seja nos engajados da política afirmando que a mesma é o jogo do mais forte, seja nas meias entradas que fraldamos para assistir espetáculos mais baratos, seja no troquinho que damos a um servidor para agilizar determinado processo, seja no assento do coletivo destinado aos idosos, gestantes ou deficientes que sentamos e, na maior cara de pau, não cedemos o lugar quando os reais destinatários chegam... E por aí, nós brasileiros, estamos sempre pairando entre os macros e micros atos corruptos.

Jogar por terra algo que está entranhado em nosso inconsciente não é nenhum pouco fácil e, por muitas das vezes, é tarefa quase impossível. Para melhor entender, vai uma definição simplificada do termo: segundo Carl Jung, o inconsciente coletivo é a camada mais profunda da psiquê, sendo constituído por materiais que foram herdados e, é nele que residem os traços funcionais comuns aos seres humanos.

A definição está bem resumida, mas, acredito que servirá bem para esta reflexão; por sermos uma nação que foi colonizada com intuito exploratório, proveniente de injustiças, mentiras, malandragem, roubos e tantos outros dissabores, é natural que tenhamos herdado tal construção e estejamos na situação da qual nos encontramos.

Não quero dizer que estamos fadados a ser uma nação eternamente corrupta, sem condições de mudanças... Longe disso! Desde que me dou por gente, vejo melhorias acontecendo e, aos poucos presencio alguns tijolos sendo arrancados da muralha da corrupção, da qual nos encontramos e, percebo que, pouco a pouco, passos são dados para uma revolução futura da sociedade brasileira.

Prova disso é a postura das pessoas neste momento tão delicado da nossa história: apesar dos extremismos, nunca se falou tanto de política e, mesmo com as brigas e enfrentamentos, a discussão está aberta, monstrando aos governantes que o brasileiro não se interessa somente por carnaval e futebol... O brasileiro está mais consciente e tomou gosto por temas que antes eram secundários e deixados para segundo plano e a classe política tem percebido isso! Apesar de ainda se manter a parte e distante dos interesses da população, começa a pairar o medo de uma revolução em larguíssima escala.

Começa a florescer um novo inconsciente coletivo no país e a cassação de Cunha é um dos indícios desse florescimento. Surge o temor e um mínimo de respeito com a população! Neste momento histórico, perdeu a hipocrisia e o cinismo! Venceu a voz em uníssono de fora Cunha e perdeu o conluio dos corruptos. Venceu o desejo unânime do povo!

Infelizmente ainda teremos um caminho longo a percorrer e veremos muitas injustiças e impunidades no caminho... Ainda teremos a defesa do indefensável e extremismos pululando por todos os lados. Veremos as pequenas corrupções sendo aplicadas em nosso cotidiano, de forma tão natural e tratadas como algo justo e justificável. Ainda seremos obrigados a ver coisas erradas, disformes passando na frente da nossa cara e nos sentiremos impotentes, sem termos o que fazer a respeito, por conta da lentidão (e as vezes conveniente) da justiça.

Não é fácil e a chegada deste novo momento será longa, lenta e, por vezes dolorosa. Estamos ainda nos vislumbres desse novo inconsciente coletivo, mais justo e um pouco menos cruel. Não acredito que o vejamos, mas, nossas futuras gerações poderão vivê-lo na prática. Demora, mas chega sim! Mas, enquanto ele não chega, busquemos fazer a nossa parte e acreditemos que o melhor está por vir... Não sabemos quando, mas, que virá, há sim, virá!

Jansen Sarmento
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